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Pouco antes da partida
... pelo menos na minha memória. Aquela manhã de 9 de Janeiro de 1965 permanece viva em todos os seus pormenores, apesar dos 49 anos passados, que voaram como se de um cometa se tratasse.
Lembro-me do choro e de alguns gritos dos que ficavam, provocados pela incerteza do futuro. O receio de familiares e amigos de que aquele fosse o último abraço, o último beijo, eram, de resto, partilhados por quase todos os que partiam. A incerteza pelo que nos esperava era enorme.
Nalguns casos, esses receios viriam a tornar-se uma dolorosa realidade. Infelizmente, nem todos voltámos. E, dos que voltaram, nenhum era o mesmo quando regressou. Grande parte da inocência dos nossos vinte anos ficou por terras africanas.
Gare Marítima da Rocha Conde d' Óbidos
Mas também de lá trouxemos coisas positivas. Crescemos, e viemos com a certeza de que a amizade, a camaradagem e a solidariedade, não eram apenas palavras de dicionários. Foram vividas nas dificuldades do dia a dia.
Voltámos igualmente com a mágoa e a saudade dos que não conseguimos evitar que lá ficassem. Foram heróis - esquecidos pelos políticos, porque não lhes rendem votos -, que não tiveram direito a "Panteões", mas que nunca se apagarão da nossa memória.
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