Pouco antes da largada
Completam-se
hoje 48 anos sobre a data em que o Vera Cruz zarpou do Cais da Rocha
Conde de Óbidos, com destino a Luanda, levando a bordo quase três
mil militares, dos quais cerca de 800 constituíam o Batalhão de
Artilharia 741, de que fazia parte a Companhia de Artilharia 738. A
minha Companhia.
Desse
dia já lembrei quase tudo no texto que há dois anos escrevi aqui, quando iniciei neste blogue o relato de alguns
episódios que sobraram na minha memória, e que fazem parte da minha
história pessoal, bem como da dos 163 homens que formavam a CArt
738.
Nessa
manhã, depois do desfile, de embarcar, e de guardar as bagagens,
muitos camaradas voltaram ao cais para as derradeiras despedidas.
Também eu tinha a intenção de voltar a terra, mas depois de subir
até à amurada e de contemplar o “mar” de lágrimas que inundava
o cais, decidi poupar-me e já não voltei a desembarcar,
limitando-me a acenar para os familiares e amigos.
O Vera Cruz inicia a viagem
Não
me serviu de muito, porque quando soltaram as amarras do navio, e ele
começou a afastar-se do cais, houve como que um fenómeno de emoção
colectiva a que não escapei, e também as lágrimas, mansas, mas
intensas, deslizaram pelas minhas faces.
E
lá fomos, rio abaixo, mar fora, rumo a Luanda, onde aportaríamos 9
dias depois.