(Clicar nas fotos para aumentar)
Em frente à bananeira do "jardim" da nossa casa, em Lucunga
Da esq. para a dta.: Carlos Fonseca, Nunes da Silva e Luís de Matos
Confirmando
o velho princípio de que “as conversas são como as cerejas”,
durante o almoço na Quinta dos Loridos, veio à baila o nome do
Luís de Matos, que foi, em circunstâncias especiais,
furriel-miliciano da CArt 738.
Para
minha surpresa, o Vítor Casimiro, que comandou o 3º pelotão,
não fazia ideia de quem eu estava a falar.
É
certo que entre os companheiros que são presença constante nos
nossos encontros não há quem traga notícias do Luís, de quem
nunca mais soube nada desde esse já longínquo 28 de Fevereiro de 1967, em que saímos de Luanda rumo a Lisboa (faltando-lhe ainda alguns meses para cumprir o tempo de comissão, não viajou connosco).
Mas o motivo da minha surpresa radica no facto de o Luís de Matos
ter sido comandante de uma secção do mesmo 3º pelotão que o
Casimiro comandou.
Na varanda da nossa casa. (Atrás, a janela do quarto que eu partilhava com o Nunes da Silva)
Da esq. para a dta.: Mourão, Luís de Matos, Miranda Dias, Nunes da Silva e Carlos Fonseca
É
verdade que o Luís não fazia parte do pessoal da CArt 738 que
embarcou no Vera Cruz em Janeiro de 1965, pois apenas foi mobilizado
para a nossa Companhia alguns meses depois, para substituir um furriel que fora transferido para outra unidade.
E
também é verdade que ele era um moço discreto, que cumpria os
serviços que lhe eram distribuídos, conscienciosamente, mas que fora
do serviço era avesso a protagonismos, que dispensava. Não jogava
às cartas, não ligava ao futebol, nem participava das nossas
“maluquices”. E não era porque não o desafiássemos. Mas ele
olhava-nos com um sorriso muito peculiar, e ficava na dele.
Sempre
pensei que o seu comportamento era influenciado pelos anos em que
foi seminarista, período que por certo lhe moldou o carácter.
Voltando
ao princípio: surpreendido com a traição que a memória pregou ao
Casimiro prometi que colocaria aqui uma fotografia do Luís, para lhe
refrescar a memória. Dou-lhe outra, de brinde, e publico duas.
Mas
o que constituiria a cereja em cima do bolo, era se o Luís de Matos,
por um daqueles bambúrrios que às vezes acontecem, acabasse por ler
isto e viesse dar um olá! à “rapaziada”.
Spm8146,
ResponderEliminarAmigo e camarada de armas,
Gostei muito de ler o teu comentário um pouco impreciso de 24 do corrente a propósito de o nosso amigo ex-alf.Mil. Casimiro se não lembrar de mim, apesar de termos convivido durante tantos meses e termos compartilhado tantos acontecimentos comuns e para os mesmos fins como
tenho a certeza de não ser necessário explicar-te, pois sempre te tive na conta de uma pessoa muito esclarecida, embora irreverente por vezes. E isso é defeito?! Francamente para mim sempre considerei isso uma virtude de bom caracter. Dito isto, quero somente esclarecer-te que muitas vezes joguei às cartas e à bola, sobretudo Andebol de que sempre gostei. Passar despercebido cumprindo, foi sempre uma das minhas normas de orientação ao longo de todo o tempo de serviço militar pois nunca foi esse o meu meio. Quanto ao facto de o Casimiro não se lembrar de mim podem haver várias explicações, mas francamente não quero debruçar-me sobre nenhuma em especial, porque, apesar de tudo, fui sempre seu amigo a colaborador leal mesmo com prejuízo próprio às vezes.
Lamento muito não ter participado nos jantares de convívio todos estes anos, mas só tomei conhecimento deles há muito pouco tempo e descobrindo o jornal do nosso batalhão por mero acaso. Este ano estive mesmo prestes a inscrever-me, mas afazeres de última hora levaram-me a ter que me deslocar a Espanha durante os primeiros 15 dias de Março, pelo que falhei desta vez muito contra a minha vontade. Para o ano, se tudo correr bem, espero estar convosco. (...) Gostaria. também, de saber o que terá passado com diversos nossos camaradas de armas. OBRIGADO por teres-te lembrado da minha pessoa. Muito obrigado,Amigo.
Luís de Matos
Meu caro Luís de Matos,
EliminarFoi com um misto de surpresa e emoção que li o teu comentário. Confesso que tinha uma ponta (muito pequena) de esperança que tu, ou algum familiar teu “tropeçasse” no meu texto, neste mundo fascinante que é a Internet, e particularmente o dos blogues.
Parece que o Casimiro não é o único desmemoriado: de facto, não me lembro das tuas actividades desportivas (sendo eu à época um entusiasta do desporto e especialmente do Andebol) bem como do jogo de cartas. Mas a erosão da memória, é um facto a que não se pode fugir, ainda que nos esforcemos por evitá-la.
Podes estar certo de que terei todo o prazer em te reencontrar, seja no nosso próximo convívio, seja noutra oportunidade.
Um abraço
P.S. - Entretanto, vou contactar-te por e-mail.