Como
já devem ter notado os meus amigos que por aqui vão passando, este
blogue encontra-se em regime de serviços mínimos.
Por
um lado, porque tenho andado ocupado com outras escritas, por outro,
porque tendo optado por contar apenas episódios menos “pesados”
da comissão da CArt 738 por terras angolanas, os temas começam a
minguar. Se conseguir encontrar o ponto de equilíbrio mais ajustado,
escreverei mais duas ou três histórias que tenho em agenda.
Por
hoje, vou falar das nossas sessões fotográficas. Em maior ou menor
dose – dependendo da disponibilidade financeira de cada um, que as
fotos eram carotas, bem como da boa vontade dos proprietários das
Kodak (que por acaso eram maioritariamente Canon's, compradas a bordo
do Vera Cruz) – ninguém escapava à pose, para mandar para as
namoradas, esposas, pais, mães, madrinhas de guerra, etc. etc.
(Clicar nas fotos para aumentar)
Nesta
foto, estou no meio do capim, mas na vizinhança do quartel, de
espingarda FN em posição de disparo, embora só se veja a ponta do
cano, simulando uma situação de combate.
Esta
era uma pose clássica, a que quase ninguém escapava.
As
fotos dos oficiais da minha Companhia (que embora em situações diferentes também não escaparam às sessões fotográficas) que vão ver a seguir, foram roubadas ao Veterano.
Nem
o nosso comandante de Companhia, capitão Rubi Marques, se furtou à
pose, junto ao ribeiro que abastecia de água o quartel de Lucunga.
Quando
vi esta imagem fiquei surpreendido, por duas razões. Em primeiro
lugar porque nunca pensei que ele, militar calejado, também fosse
adepto deste tipo de fotos. Depois, porque, não só nunca imaginei
vê-lo com uma FN a substituir a pistola Walter, que normalmente
usava à cintura, mas também pela posição da FN ao ombro, isto é,
“à cowboy”, o que não fazia nada o seu género.
Sem
desprimor para nenhum dos comandantes que tive durante a minha
carreira (relativamente longa, para um miliciano), pela maioria dos
quais nutro grande respeito, o capitão Rubi Marques foi a grande
referência da minha vida militar. Um exemplo e uma inspiração, não
só para mim, como para a maioria dos meus camaradas. Isso é
claramente visível no misto de respeito, carinho e afecto de que
se vê rodeado nos nossos convívios anuais, a que só falta por
motivos de força maior.
Aqui,
o alferes Pereira, comandante do 1º pelotão - que foi o meu durante quase toda a comissão - e que estava de oficial de dia ao quartel, como
comprova a braçadeira (vermelha (*), embora aqui não se note) no braço
esquerdo.
O
alferes Morgado, comandante do 2º pelotão, era locutor na Rádio
Ribatejo antes de ir para a tropa. Quando havia espectáculos com os
artistas que se deslocavam a Angola, e que incluíam a Gabela nos
seus roteiros, era sempre ele quem fazia a apresentação em palco.
Foi
meu comandante de pelotão, na Gabela, entre Dezembro de 1966 e
Fevereiro de 1967.
Alferes
Casimiro, comandante do 3º pelotão. Este pelotão depois da
transferência para o Quanza-Sul, andou com a “trouxa às costas”
de um lado para o outro. Começou por ficar aquartelado na Gabela,
mas passado algum tempo foi enviado para Vila Nova de Seles, se bem
me lembro para substituir um pelotão da CCS do Batalhão. Mais
tarde, em consequência da transferência da CArt 739 para a Região
Leste, o pelotão seria colocado no Calulo, onde ficaria até ao fim
da comissão.
O
alferes Casimiro era (e, tanto quanto sei, continua a ser) um notável
intérprete do Fado de Coimbra.
Alferes
Fagundes, comandante do 4º pelotão.
Na
província do Quanza-Sul, este pelotão foi colocado em Porto Amboim,
onde ficou até ao fim da comissão. De trato fácil, foi no quartel
desta localidade, onde estive deslocado durante cerca de um mês, por
troca com o Miranda Dias, que mais convivi com ele. Curiosamente ele
não tem a menor recordação dessa minha estadia. Partidas que a
memória nos prega.
Alferes-médico
Salazar Leite
(*) Rectificado depois da oportuna chamada de atenção do camarada Silva Pereira, alferes-miliciano da CArt 739
Caro Fonseca:
ResponderEliminarÉ sempre com enorme satisfação que leio as suas histórias. Acompanho, como sabe, os seus blogues, com verdadeiro agrado.
Venho aqui para um reparo: creio que a braçadeira do Pereira deveria ser vermelha, pois a verde era usada pelos Sargentos (a dos Praças era amarela). Na minha Cart não usávamos.
Após mais um interregno - razões várias - talvez esteja, outra vez, de regresso.
Um grande abraço, de sincera amizade
Silva Pereira
Caro Silva Pereira,
EliminarClaro que tem razão no seu reparo, que agradeço. A braçadeira era vermelha (vou rectificar), e nem consigo perceber a troca que fiz. Sobretudo porque a verde era a que eu usava quando estava de serviço.
Se bem me lembro, em Lucunga também não havia braçadeiras. Mas, na Gabela, já "funcionávamos" com as práticas habituais nos quartéis "regulares".
Fico à espera do prometido regresso dos seus sempre interessantes textos.
Por aqui, estou na fase final das "histórias" contáveis.
Aceite o meu abraço, como expressão da minha amizade.