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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

As Sessões Fotográficas


Como já devem ter notado os meus amigos que por aqui vão passando, este blogue encontra-se em regime de serviços mínimos.

Por um lado, porque tenho andado ocupado com outras escritas, por outro, porque tendo optado por contar apenas episódios menos “pesados” da comissão da CArt 738 por terras angolanas, os temas começam a minguar. Se conseguir encontrar o ponto de equilíbrio mais ajustado, escreverei mais duas ou três histórias que tenho em agenda.

Por hoje, vou falar das nossas sessões fotográficas. Em maior ou menor dose – dependendo da disponibilidade financeira de cada um, que as fotos eram carotas, bem como da boa vontade dos proprietários das Kodak (que por acaso eram maioritariamente Canon's, compradas a bordo do Vera Cruz) – ninguém escapava à pose, para mandar para as namoradas, esposas, pais, mães, madrinhas de guerra, etc. etc.

(Clicar nas fotos para aumentar)



Nesta foto, estou no meio do capim, mas na vizinhança do quartel, de espingarda FN em posição de disparo, embora só se veja a ponta do cano, simulando uma situação de combate.

Esta era uma pose clássica, a que quase ninguém escapava.

As fotos dos oficiais da minha Companhia (que embora em situações diferentes também não escaparam às sessões fotográficas) que vão ver a seguir, foram roubadas ao Veterano.




Nem o nosso comandante de Companhia, capitão Rubi Marques, se furtou à pose, junto ao ribeiro que abastecia de água o quartel de Lucunga.

Quando vi esta imagem fiquei surpreendido, por duas razões. Em primeiro lugar porque nunca pensei que ele, militar calejado, também fosse adepto deste tipo de fotos. Depois, porque, não só nunca imaginei vê-lo com uma FN a substituir a pistola Walter, que normalmente usava à cintura, mas também pela posição da FN ao ombro, isto é, “à cowboy”, o que não fazia nada o seu género.

Sem desprimor para nenhum dos comandantes que tive durante a minha carreira (relativamente longa, para um miliciano), pela maioria dos quais nutro grande respeito, o capitão Rubi Marques foi a grande referência da minha vida militar. Um exemplo e uma inspiração, não só para mim, como para a maioria dos meus camaradas. Isso é claramente visível no misto de respeito, carinho e afecto de que se vê rodeado nos nossos convívios anuais, a que só falta por motivos de força maior.



Aqui, o alferes Pereira, comandante do 1º pelotão - que foi o meu durante quase toda a comissão - e que estava de oficial de dia ao quartel, como comprova a braçadeira (vermelha (*), embora aqui não se note) no braço esquerdo.



 


O alferes Morgado, comandante do 2º pelotão, era locutor na Rádio Ribatejo antes de ir para a tropa. Quando havia espectáculos com os artistas que se deslocavam a Angola, e que incluíam a Gabela nos seus roteiros, era sempre ele quem fazia a apresentação em palco.

Foi meu comandante de pelotão, na Gabela, entre Dezembro de 1966 e Fevereiro de 1967.



Alferes Casimiro, comandante do 3º pelotão. Este pelotão depois da transferência para o Quanza-Sul, andou com a “trouxa às costas” de um lado para o outro. Começou por ficar aquartelado na Gabela, mas passado algum tempo foi enviado para Vila Nova de Seles, se bem me lembro para substituir um pelotão da CCS do Batalhão. Mais tarde, em consequência da transferência da CArt 739 para a Região Leste, o pelotão seria colocado no Calulo, onde ficaria até ao fim da comissão.

O alferes Casimiro era (e, tanto quanto sei, continua a ser) um notável intérprete do Fado de Coimbra.



Alferes Fagundes, comandante do 4º pelotão.

Na província do Quanza-Sul, este pelotão foi colocado em Porto Amboim, onde ficou até ao fim da comissão. De trato fácil, foi no quartel desta localidade, onde estive deslocado durante cerca de um mês, por troca com o Miranda Dias, que mais convivi com ele. Curiosamente ele não tem a menor recordação dessa minha estadia. Partidas que a memória nos prega.


Alferes-médico Salazar Leite


(*) Rectificado depois da oportuna chamada de atenção do camarada Silva Pereira, alferes-miliciano da CArt 739

2 comentários:

  1. Caro Fonseca:

    É sempre com enorme satisfação que leio as suas histórias. Acompanho, como sabe, os seus blogues, com verdadeiro agrado.

    Venho aqui para um reparo: creio que a braçadeira do Pereira deveria ser vermelha, pois a verde era usada pelos Sargentos (a dos Praças era amarela). Na minha Cart não usávamos.

    Após mais um interregno - razões várias - talvez esteja, outra vez, de regresso.

    Um grande abraço, de sincera amizade

    Silva Pereira

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    1. Caro Silva Pereira,

      Claro que tem razão no seu reparo, que agradeço. A braçadeira era vermelha (vou rectificar), e nem consigo perceber a troca que fiz. Sobretudo porque a verde era a que eu usava quando estava de serviço.

      Se bem me lembro, em Lucunga também não havia braçadeiras. Mas, na Gabela, já "funcionávamos" com as práticas habituais nos quartéis "regulares".

      Fico à espera do prometido regresso dos seus sempre interessantes textos.

      Por aqui, estou na fase final das "histórias" contáveis.

      Aceite o meu abraço, como expressão da minha amizade.

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