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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um Domingo Singular


                               

Em baixo, da esq. para a dta.: Pedro (?), Resende, Brandão Pacheco, 
Carnaças e Vaz;

Em cima: Fonseca, Peixoto, Rebelo,  Pereira. ten-cor. Soares, ten. Simões da Silva, Oliveira, ?, Custódio;


Na Gabela, os fins de semana de Maio e Junho de 1966, foram ocupados com a realização de um torneio de futebol, com jogos disputados entre as Companhias do Batalhão. Os jogos efectuavam-se - um em cada fim-de-semana - no Campo da Aricanga, propriedade da ARA-Associação Recreativa do Amboim, graciosamente cedido. 

Aos espectadores era solicitada uma contribuição monetária, revertendo as receitas obtidas para as obras da Casa do Soldado que, como já referi anteriormente, estava a ser construída no quartel por iniciativa da Delegação local do Movimento Nacional Feminino, com recurso à mão de obra do pessoal da CArt 738 (excepto em trabalhos que exigiam maior especialização).

Sendo embora a obtenção de receitas o objectivo principal, estes encontros serviam também para uma sã confraternização dos militares que, embora pertencendo ao mesmo Batalhão, apenas tinham contactos esporádicos, atendendo às distâncias das localidades onde se encontravam instaladas as respectivas unidades.


Calulo

Para um dos domingos de Junho, estava programado o jogo entre a equipa da CArt 739, aquartelada no Calulo (embora tivesse o 4º pelotão destacado em Mussende), e a da CCS, que vinha de Novo Redondo.

A meio da manhã, com a chegada das delegações visitantes, instalou-se a animação no quartel, tendo-se formado vários grupos em entusiasmadas conversas, que continuaram durante o almoço.

O "balde de água gelada", caiu-nos em cima quando, ia a refeição a meio, surgiu uma mensagem que, de súbito, transformou o alegre convívio num triste e pesado silêncio. A referida mensagem determinava que a delegação da CArt 739 deveria regressar de imediato ao Calulo, porque a Companhia tinha recebido ordem de transferência para o Leste de Angola.


Igreja de Mussende

Quarenta e cinco anos depois, ao escrever este texto, ainda sinto um arrepio na pele, como se estivesse, de novo, a viver aquela situação. Parecia-nos a todos – independentemente da Companhia a que pertencíamos - que estávamos a viver um pesadelo.

O almoço acabou rapidamente, e os militares da CArt 739 partiram de regresso à sua unidade sem chegarem a disputar a partida de futebol, num ambiente de grande consternação, partilhado por todos.

Essa consternação tinha razão de ser. Depois dos treze meses de permanência no Norte, onde a CArt 739 já tinha sofrido com a morte de dois camaradas, voltava agora para uma zona onde o inimigo se encontrava igualmente activo, e onde voltaria a ser flagelada pela morte em combate de mais um dos seus homens, o soldado Artur Santos (Palhaço), a quem o Veterano, seu comandante de pelotão, aqui prestou a merecida homenagem. 

A fim de não defraudar os espectadores que se deslocaram ao campo, acabou por se realizar um jogo em que, frente à equipa da CCS, se apresentou uma formação mais ou menos improvisada da CArt 738. A verdade é que jogámos todos por obrigação e completamente desmotivados. Basta atentar nos sintomáticos rostos fechados de quase todos.

 Parafraseando uma velha "máxima" militar, cabia aqui dizer que "El-Rei manda jogar, não manda chorar"!

Não me recordo dos números finais, mas recordo-me que venceu a CCS.

2 comentários:

  1. Entre o Peixoto e o Vaz (até sempre amigo Vaz!), está, parece-me, o Carnaças. Era do meu pelotão. Jogava muito bem pela lateral direita. Estaria na Gabela, penso eu, para jogar pelo ARA (?).

    Sebastião Fagundes

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  2. Obrigado pela ajuda. Já acrescentei o Carnaças.

    Depois de uma troca de opiniões com o Morais Soares, julgo que o primeiro em baixo, a contar da esquerda, é o Pedro.

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