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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A Piscina




Piscina da Gabela

Das janelas do corredor das traseiras que davam acesso aos quartos do Hotel Guaraná, onde, com alguns colegas, fiquei alojado na primeira semana de permanência na Gabela, avistava-se uma piscina vazia, de razoáveis dimensões, dotada de uma torre com duas pranchas de saltos, e com todo o ar de estar votada ao abandono.

Na recepção do hotel informaram-nos que a piscina era propriedade da Câmara, mas que já não funcionava há muito tempo.


Da esq, para a dta.: Alves (?), Fonseca, Vaz, Mourão e Sousa

Parecendo-nos um desperdício que, encontrando-se a cidade a cerca de 95 quilómetros da praia mais próxima, se desaproveitasse aquele equipamento público, resolvemos sugerir ao nosso comandante, capitão Hélio Xavier, que pusessemos a piscina a funcionar, com a concordância das autoridades municipais (estando o fornecimento de água incluido na anuência), ficando a limpeza e posterior manutenção a cargo de militares da Companhia (na base do voluntariado).

Tendo recebido luz verde do capitão Xavier, uma pequena delegação deslocou-se ao edifício da Câmara, a fim de solicitar a marcação de uma data para falarmos com o presidente (que, salvo erro, tinha como apelido, Correia). Não foi preciso marcar data porque o edil, tendo-se apercebido da nossa presença, imediatamente nos convidou para entrar no seu gabinete, disponibilizando-se para nos ouvir.

Apresentámos a nossa proposta, frisando o benefício de que toda a população – e aqui falámos com especial ênfase no elevado número de jovens residentes - passaria a usufruir, com custos mínimos para a edilidade.

Julgávamos que a sua decisão ficaria para mais tarde, mas ele disse-nos logo que por ele até concordava, mas que havia um senão: a piscina não dispunha de quaisquer equipamentos para tratamento da água.


O autor do blogue

Perante este óbice, ficámos desapontados e embatucámos. No entanto, na continuação da conversa, alguém (não me recordo quem foi) sugeriu que à falta de melhor se optasse por uma renovação contínua da água. Parecia uma proposta de doidos, mas a verdade é que foi, tanto quanto me lembro, parcialmente posta em prática: durante o dia havia um tubo de borracha de pequenas dimensões a debitar água para a piscina, ao mesmo tempo que do lado oposto a água era escoada para um curso de água que passava junto à piscina.

E, tanto quanto sei, o ”estratagema” resultou, porque não houve notícia de alguém ter sido vítima de nenhuma das doenças habitualmente ligadas à frequência de piscinas. É claro que, em princípio, ninguém entrava na água sem passar previamente, quer pelo duche, quer pelo lava-pés. É certo que, embora a afluência de civis fosse razoável, não podemos falar de enchentes. Em boa verdade, éramos nós, militares, os principais utilizadores daquele espaço, acompanhados por um punhado de jovens, e um ou outro civil adulto (habitualmente jovens mães com os filhos). Boa parte da população preferia fazer quase 200 quilómetros (ida e volta) e, ao domingo, ia até à praia de Novo Redondo.


Praia de Novo Redondo

É certo que a ocasião era igualmente aproveitada para fazer um almoço especial – incluindo, muitas vezes, lagosta a um preço acessível -, ao mesmo tempo que desfrutavam de uma excelente praia. Por outro lado, a estrada, que tinha sido recentemente asfaltada, era boa, se exceptuarmos as curvas do morro da Gabela, onde em Fevereiro de 1967 sofri um grave acidente, sobre o qual escreverei mais tarde.

Acabámos por passar bons momentos, dentro e fora da água, com alguns episódios interessantes.

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